O Bernardo foi passear

Há umas semanas o Bernardo foi a uma visita de estudo (e foi quando comecei a escrever este texto).
Lembro-me perfeitamente de como era para mim um dia de visita de estudo - acho que todos temos essas memórias bem guardadas: uma excitação enorme por irmos passear! E quanto mais longe fôssemos, melhor.
Na noite anterior ao passeio tinha dificuldade em adormecer de tão ansiosa que estava (hmmm... a quem sairá o Bernardo?!), acordava algumas dez vezes para ver as horas e, de manhã, acordava bem antes do despertador tocar. 
Eram sentimentos bons. Quando somos crianças só vemos o lado bom e positivo da coisa e ir em visita de estudo significava um dia cheio de diversão - claro que também levávamos grandes secas, principalmente quando a visita era no âmbito da disciplina de história! Mas havia sempre palhaçada e só o facto de estarmos fora da escola e vermos coisas diferentes já valia a pena.




A viagem de autocarro  (que agora acho um tédio) era sempre um momento divertido e cheio de aventuras.
Quando não era a soltar aqueles gritos feitos com frases sobre a escola ou sobre a turma - que agora não me consigo lembrar de nenhum sem ser qualquer coisa como "1,2,3... já cá estamos outra vez!" - normalmente queríamos era andar em pé sempre a saltitar de lugar em lugar, conversar com toda a gente e até cantar.
Se fosse mais que uma turma junta a aventura era ainda maior. Há sempre uma menina que não simpatiza com outra menina da outra turma ou que quer engatar o menino giro da nossa turma e vice-versa. 
Claro que isto já é mais à frente. O Bernardo só anda no segundo ano - no máximo os miúdos competem a ver quem se porta pior ou quem faz a professora sair do sério mais rápido!

Agora com a visão de mãe os sentimentos e a visão sobre a coisa mudam drasticamente. 
Primeiro ficamos reticentes em autorizar a ida a uma visita que seja um bocado mais longe -porque a viagem é de autocarro, porque pode acontecer alguma coisa na estrada, porque podem não conseguir controlar tantos miúdos em simultâneo, porque não vamos estar presentes... porque simplesmente está fora do nosso controlo e somos assoladas por uma série de pensamentos estúpidos e confusos.

Mas depois lembramo-nos de quando éramos nós:
"Vá lá!  Eu porto-me bem... por favor. Não acontece nada de mal."
E não me refiro apenas a visitas de estudo. Quantas vezes não quisemos ir a uma festa, ao cinema com os amigos, à praia com a família do nosso vizinho ou dormir na casa dos colegas?

A verdade é que não os podemos proteger para sempre. Não podemos prendê-los dentro de casa e esperar que sejam imunes a tudo, inclusive a azares.
Resta-nos deixá- los gozar e ser felizes e esperar que a vida não nos pregue partidas.





Desta vez o Bernardo foi só ali a Lisboa, ao Oceanário e ao Pavilhão do conhecimento. Há dois anos chegou a ir ao Badoca Park - bem mais longe - e recordo-me que passei o dia nervosíssima, principalmente quando, na hora em que era suposto estarem de regresso à escola, recebemos a informação de que estavam cerca de meia hora atrasados. 
"Meu Deus... Mas porquê que estão a demorar tanto?"

Coração de mãe! 

E um dia há-de ser uma visita de dois ou três dias (como eu cheguei a fazer ao Algarve) ou uma visita a Espanha (como fez a minha irmã mais velha a Sevilha). E mais tarde a viagem de finalistas. Ai a viagem de finalistas...

Mas, até lá, não vamos sofrer por antecipação não é verdade?! 

Comentários

  1. Te entendo muito bem. Tive 4 filhos e agora vivo isso com os netos,rs... Mas não são nossos.Devem experimentar...Por isso as orientações cabem bem! bjs, chica e FELIZ PÁSCOA!

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  2. Eu ainda não sou mãe mas, percebo perfeitamente o que quer dizer! Acho normal afinal, "mãe é mãe" e está sempre preocupada com os seus filhos! :)

    A Marca da Marta

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