A hora de dormir

Por muito que prometa que não me vou ausentar durante muito tempo, é difícil cumprir. Não depende só de mim. 
Como o próprio nome aqui do estaminé indica, o espaço não é só meu, é da família. E nem sempre a família facilita.

Nos últimos dias a hora de ir dormir é um verdadeiro desafio. E eu tenho saído sempre derrotada deste desafio.
Quanto mais cresce mais esperta a Maria Inês fica. Mais esperta, mais ágil, mais matreira, mais traquina, mais rápida, mais refilona... enfim, pouca trégua tem dado.
Ultimamente só quer brincadeira. Seja hora de comer, trocar a fralda ou dormir, a miúda não sossega um minuto que seja. Quanto mais palhaçada, melhor. Como tal, chega a hora de ir para a cama e a coisa fica complicada. 

A Maria pode estar a cair para o lado de sono mas ela faz tudo menos dormir. Eu fico deitada com ela até ela adormecer, como já é normal,  até porque quando se deita tem que mamar para dormir mais aconchegada - foi sempre assim. Mas nestes dias nem a mama a aconchega o suficiente: 
Ela vira-se para um lado, vira-se para o outro, puxa-me o cabelo, aperta-me o nariz, lança a chupeta para o mais longe que consegue, começa a chorar só porque sim... então chego-lhe a fralda ao rabo, ralho com ela e ela fica. Mas entretanto tive que acender a luz para uma jornada à procura da chupeta.
Quando penso que a Maria adormeceu, ela levanta-se de repente e começa a gatinhar até aos pés da cama com esperança de se por a andar do quarto.
Vou buscá-la, deito-a novamente, tento cantar qualquer coisa para a embalar e a Maria Inês refila. 
Calo-me. Abano-a na esperança que ela acalme e adormeça.
Começa a chorar. Rebola para um lado e para o outro, puxa-me o cabelo, dá-me chapadas, esperneia para me afastar... chego-lhe outra vez a fralda ao rabo. Ralho com ela. Continua a chorar, agora em modo "tem piedade de mim" e deita a cabeça na minha cara. De seguida tenta deitar o corpo todo em cima de mim. Devagarinho. 
Dou mimo porque penso que assim vai ceder. Mas afinal só queria passar para o outro lado da cama e tentar fugir para o chão.

Pego nela outra vez e deito-a. Ralho com a menina pois tem que "fazer ó-ó". Ela lança a chupeta novamente com toda a sua força. 
Respiro fundo... a paciência está por um fio.

Entretanto já passou uma hora e eu continuo neste desafio. 
O cansaço é soberano e começa a falar mais alto.
A cozinha está por arrumar. A pilha de roupa e o ferro de engomar estão à minha espera.
A Maria Inês continua a desafiar-me. Mais meia hora. E outra meia...
Derrotou-me.

Quando percebo que ela adormeceu são 3 ou 4 da madrugada. Não sei se adormeceu antes ou depois de mim.
Penso na cozinha que ficou por limpar. Na roupa que não passei a ferro.
Fecho os olhos porque amanhã é outro dia e as (poucas) forças que vou tendo precisam de ser renovadas.

E no dia seguinte: vamos ver o mesmo filme!

Comentários

  1. Já deu para perceber que a Maria Inês não pára quieta um segundo! Deve ser bem cansativo...
    beijinhos

    amarcadamarta.blogspot.pt

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    1. Não para mesmo... consegue virar a casa do avesso!! Não dá descanso.

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  2. Oh minha querida, muita coragem nesta fase, espero que passe depressa. Beijinhos*

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    1. É muito bonito ver a evolução dela... mas sim, cansativo também! 😁😁

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  3. Olá Rute,
    são fases... fases complicadas para nós!
    Bj

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    1. É verdade! O cansaço faz-nos ver as coisas bem piores do que elas são. Eheh

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  4. Pois é as crianças elas sao mais espertas que nos hehe coragem bjs bom domingo

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