Folga, para que te quero!?

Quem trabalha por turnos e com folgas rotativas sabe bem o quão valiosa pode ser uma folga! 

Aliás, hoje em dia é raro o emprego que não funcione nestes termos. Acho que é cada vez mais escasso o horário das 9h às 18h, de segunda a sexta.

Já tive a sorte (ou não) de trabalhar num escritório das 9h às 18h, de segunda a sexta. Só que não... não tinha uma bela vidinha porque saía às 18h de Lisboa para entrar às 20h noutro emprego, no seixal, onde só folgava ao sábado! Tempos árduos...

Mas foquemo-nos no assunto que me traz hoje aqui: as folgas! Essa grande preciosidade de quem trabalha e que não acontece sempre ao fim de semana - é a vida!

A grande maioria das mulheres deve passar a semana inteira a desejar que chegue o dia de folga: há roupa para lavar, há roupa para passar, há pó para limpar, o chão para aspirar, a cozinha que nunca está a 100%... a folga destas mulheres resume-se, basicamente, a mais um dia de trabalho.  E muito cansativo, acreditem! Quem tem filhos, principalmente, sabe bem do que falo e, como é óbvio, eu faço parte deste grupo de mulheres.

[É verdade. Ser mulher não é fácil.  Mas tudo que sabe bem nunca é fácil, certo?]

Como é normal, desejamos que a folga chegue porque estamos a pensar no bem dito descanso. Acontece que o subconsciente acaba por falar mais alto e lembra-nos da quantidade de coisas que temos para fazer em casa e, das duas uma: ou passamos a folga inteira em modo "donas de casa desesperadas" e voltamos ao trabalho ainda pior do que já estávamos; ou só fazemos o que realmente poderá ser importante e ficamos metade do dia a descansar. Se forem duas folgas seguidas ainda melhor!

Às vezes gostava de ser mais organizada e conseguir, depois do jantar, deixar a cozinha irrepreensível, a roupinha toda tratada e ainda o saco do dia a seguir já pronto a colocar no ombro. Mas não. Não sou nada assim - já fui mais exigente nesse campo. Lá de vez em quando é possível que isso aconteça mas, depois do jantar, sabe bem estar refastelada no sofá por muito pouco tempo que seja. Ou com os miúdos, seja a ver novela ou desenhos animados, seja a jogar um jogo com o Bernardo. Com um bocadinho de sorte, a ver uma das minhas séries de eleição. Depois disso - e já às tantas da noite -, às vezes ainda arranjo forças para ir dar um jeito à cozinha. Outras vezes simplesmente vou mesmo dormir.

Confesso: a idade já começa a fazer diferença. E o facto de ter filhos também. Se antes fazia questão de ter tudo impecável antes de ir dormir, agora a minha prioridade é passar o maior tempo possível na companhia dos meus!

Como sabem voltei ao trabalho há sensivelmente três semanas e a rotina cá em casa alterou-se um bocadinho para todos.
A Maria tem ficado com o pai mas resolvemos que de vez em quando vai para as avós para se ir habituando aos diferentes ambientes e pessoas para o caso de um dia ser mesmo necessário.
Para mim, tenho que admitir que tem sido bastante cansativo, principalmente porque a Maria Inês não me tem deixado dormir em condições. Ou acorda de hora a hora a pedir mama, ou tem ataques de tosse de 10 em 10 minutos, ou simplesmente acorda a chorar... a minha cabeça não aguenta e o cérebro fica lento.

Chega a folga e simplesmente não consigo fazer nada porque a Maria quer o colo da mamã, quer mamar em vez de comer sopa, quer adormecer ao colo (ai os meus braços), enfim, quer compensar todo o tempo em que a mamã está fora... ainda por cima doentinha a manha ainda é maior! 

Às vezes nem consigo comer como deve de ser ou ausentar-me para fazer um chichi! 
Vale-me o maridão que ainda me vai alimentando. O resto está difícil...
Continuo cansada e quase a cair para o lado.
Ai folga folga... para que te quero?!!