Reflexão de Outono

O Verão já foi.
O Outono está aí e é altura de mudanças. Mudanças no tempo, mudanças nos horários, mudanças no guarda-roupa e até na sapateira; mudanças de rotinas, de hábitos... Com tanta mudança dei por mim a refletir.

Como sabem estou em casa porque tive bebé há três meses. Mas não é só a licença, foi também a gravidez. Desta vez teve mesmo que ser. E agora estão a pensar: "Espetáculo! Tanto tempo em casa... bela vidinha!"
Sim. É ótimo estar em casa a curtir o marido e os filhos mas tanto tempo em casa também nos pode corroer por dentro. Principalmente depois de ter um filho: é o cansaço e o sono pelas noites mal dormidas, o choro do bebé, a criança mais velha na sua luta pela atenção dos pais.O trabalho em casa, o excesso de peso e a roupa que não serve. O Verão lá fora e eu cá dentro. O sol, a praia, o mar. Ai o mar!
A combinação perfeita para uma depressão pós-parto!

Confesso que muitas vezes me senti frustrada. Sim, frustração no meu caso é a palavra mais adequada. Passar um Verão inteiro sem ir à praia, sem sentir o sol a queimar a pele ou a água salgada na cara. A areia nos pés, o cheiro a bronzeador, o barulho das ondas a rebentar, os gritos das crianças a saltar na água... foi um martírio para mim viver sem isto todos estes meses. Eu sou louca por praia e a minha felicidade ficava completa se pudesse viver à beira-mar! 
Não que seja antiquada e não quisesse levar a menina a conhecer a praia antes dos três meses, mesmo com todos os cuidados (a médica torceu o nariz), mas depois de 5 dias de internamento antes de completar um mês de vida, preferi não arriscar.


Por mim era isto o ano inteiro.

Numa altura em que o auge da minha vida social acontece quando um familiar faz anos - e sorte a minha que a família parece não ter fim -, as redes sociais não são uma grande ajuda. Durante o Verão não existe ninguém no Facebook ou no Instagram que não esteja mega feliz numa qualquer praia por aí (nacional ou internacional). Ninguém tweeta frases tristes ou publica fotos num trabalho aborrecido. Ele é sunsets, ele é festivais, ele é festas de branco e coloridas. Até os miúdos já têm festivais próprios para a sua idade. Mas eu... eu estive em casa na maior parte do tempo.
Se podia ir passear? Podia. Mas se o excesso de calor não é bom para se levar crianças para a praia, onde ir debaixo de 40º à sombra com um recém-nascido que ainda por cima pede mama a cada duas horas?
Pois. O melhor mesmo é ficar por casa e esperar pelo próximo ano. Vá... pela próxima festa de aniversário!


Eu com os meus pais e irmãos no aniversário do meu pai.
Aniversário do meu irmão (Já estava mesmo prestes a explodir!)

Não. o ando a chorar pelos cantos e com ar de vítima. Apesar de toda esta frustração eu sei o que me manteve tanto tempo em casa. E por isso mesmo torna tudo muito mais fácil de encarar. A nossa princesa vale todo esse sacrifício e muito, muito mais. E o facto de a família ser grande ajudou a não sacrificar tanto o Bernardo e a dar-lhe umas férias minimamente aceitáveis para uma criança da sua idade.
  
A ajuda do maridão é preciosa em todo o processo. Quando quero dormir mais um bocado, ele está lá para ajudar. Quando quero ir caminhar um bocado é ele que cuida da Maria. Quando quero ir ao supermercado ou simplesmente ir à rua ver as vistas, é ele que fica em casa com a Maria. Mesmo depois de semanas sem folgar, arranja um programinha para a família (mesmo que depois vamos parar a outro sitio qualquer)! O trabalho de casa torna-se mais leve com ele. Os dias tornam-se mais fáceis com ele! 
Ah! E graças a ele consegui tomar um banho de água salgada. Curto, mas deu para lavar a alma e ganhar ânimo para aguentar um ano à espera do próximo Verão.




 

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